As manchetes dos jornais impedem que conte qualquer novidade aqui no Diário. Estava de serviço em Magé na última quarta-feira e ao assumir o serviço, às 8h, não poderia imaginar as catastróficas notícias e missões que receberíamos dali em diante nas cidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. Preparávamos o envio de uma equipe do 2ºGSFMA para apoiar as operações em Friburgo quando tocou o celular funcional do Oficial de Dia. Atendi-o e do outro lado da linha informava-me o Chefe do Estado Maior Geral que acabara de falecer o Cb Guarilha, de Magé, vítima de soterramento, junto à sua esposa e filho, em Teresópolis. 20 militares já estavam embarcados no ATT-004 e aguardavam a ordem para avançar. Parei, refleti e tomei a decisão de não informar aos nossos militares do fatídico ocorrido. Sei que abalaria profundamente o moral daqueles que partiam motivados a prestar o melhor serviço que pudessem à população friburguense. Minutos depois chegava o Comandante do 2ºGSFMA, já ciente do ocorrido. Por mais que houvesse a confirmação da morte de nosso companheiro, partimos esperançosos da informação não se confirmar pois os corpos ainda não haviam sido encontrados. Essa foi a primeira e espero que seja a última operação que participei na busca de um companheiro de luta. No meu último serviço, estávamos lá eu e o Guarilha no ABSL e agora... Triste, muito triste!
O sinal telefônico na região era quase inexistente, mas durante a operação iam chegando as informações que o IML de Teresópolis havia recebido mais de 100 corpos vitimados pela enchurrada da madrugada. Era difícil crer que poderia acontecer tamanha tragédia e esperávamos que tal informe não passasse de mero sensacionalismo popular. E o que era difícil crer se tornou possível quando trafegávemos pela cidade e podíamos ter plena noção da calamitosa devastação provocada pela gigantesca manifestação de força da natureza e por nossa ignorância de pensar que podemos subestimá-la.
Escrevo esse texto vendo que os mortos já ultrapassam os 600... e estima-se que essa marca deve dobrar.
Nossos 03 militares que faleceram no estrito cumprimento do dever que juraram cumprir, mesmo com o sacrifício da própria vida, em Nova Friburgo, só aumentaram essa lástima e certamente ficarão registrados na memória do Corpo de Bombeiros Militar do RJ por muitos anos.
Resta-nos confortar as famílias de nossos irmãos e torcer para que estejam bem acolhidos no colo do criador!
E seguem os trabalhos na serra...
Trágica e inesquecível semana de verão na região serrana do estado!
LAURO BOTTO - CAP BM.
Cap. Lauro Botto uma tragédia bateu a nossa porta,mas a pior coisa que eu percebo é a inércia de ver alguns companheiros nossos não dando valor e nenhuma importância a tudo que aconteceu,seja praça ou oficial infelizmente tenho que fazer este desabafo, poderia citar até nomes, mais não seria ético. Talvez isso tudo esteja acontecendo por falta de motivação ou até mesmo por desvalorização, e alguns de nós acham que a forma de protestar é tomando essa postura e fazendo corpo mole para tudo que está acontecendo. Venho tentando buscar apoio de todas as formas, e meios para poder ajudar aquelas pessoas vitimadas por essa tragédia, alguns chegam ironizar do meu esforço de querer participar e ajudar," volto a dizer de praça a oficiais "
ResponderExcluir" Uma melhor forma de homenagear os nosssos companheiros que se foram é fazendo o nosso trabalho, trabalho este que vitimaram os nossos companheiros.
Irmão, compartilho do seu pesar e, de luto pelos companheiros falecidos e pelas tantas pessoas que perderam a vida, deixo registrado meu relato de profunda tristeza pelo que vi...ainda há muito o que fazer, infelizmente, muitos corpos a resgatar e estaremos trabalhando nessas frentes, até que a vida recomeçe...Juntos somos Fortes!
ResponderExcluir1° Ten BM Alessandro Bernardino