"HORA EXTRA MILITAR": PRIMOS RICOS X PRIMOS POBRES!

Leitores do DIÁRIO BOMBEIRO MILITAR, todos os dias, bombeiros de diversas áreas (combatentes, guarda-vidas, músicos, motoristas,...) se perguntam acerca da Gratificação de Plantão Extraordinário - GPE - que estabelece a remuneração por hora-extra trabalhada a militares dos GSE, das UPA e motoristas.

Essa pergunta é simples. Porém, de uma resposta bastante complexa. Mas, pormenores à parte, a grande verdade é que militares da área de saúde são tratados como civis dentro do CBMERJ e, como tais, reivindicam tratamento dado aos funcionários civis. Nunca na história do CBMERJ, nos 150 anos anteriores à recente subordinação à Secretaria de saúde, Combatentes e Militares da saúde tiveram tratamento diferenciado no que tange a remuneração. Eram até beneficiados por uma escala mais larga, mas nunca em seus vencimentos, que sempre foram exatamente iguais aos seus pares em postos ou graduações. Mas "eles" assumiram o "poder"! E o que fizeram primeiro foi lutar pra "garantir o pão do povo deles", usando a imensa e valorosa admiração da população alcançada através do suor, sangue e luta dos militares que demoraram 150 anos pra conquistá-la pra fazer valer suas anseios, criando assim o maior "racha" de nosso querido CBMERJ. Conseguiram nossas estrelas e divisas, mas vivem como civis dentro da caserna. Mas quando passarem pra reserva vão querer tratamento de militar que se dedica exclusivamente, não recebe hora-extra, não tem direito a acumular matrículas e nem de exercer outra profissão. Esta é apenas uma das muitas explicações, infelizmente, verdadeiras de nossa realidade em "Tempos de Saúde". Com certeza não se discute o mérito da gratificação e, sim, discute-se a valorização de uns e a desvalorização de outros. Independentemente de Qualificação, QBMP ou Quadro, não pode haver distinção salarial para militares de mesmo posto ou graduação. Até porque militares da saúde já entram na corporação como Cabos ou 3º Sargento (Praças) ou como 2º/1º Tenentes (Oficiais), o que de certa forma já serve como diferenciação por terem formação civil na área de saúde. O MILITAR DEVE TER UM SALÁRIO DIGNO PORQUE TEM POR OBRIGAÇÃO DEDICAR-SE EXCLUSIVAMENTE À SUA MISSÃO, SEJA ELA QUAL FOR E POR QUANTO TEMPO DURAR! NÃO TEMOS QUE LUTAR POR GRATIFICAÇÕES, TEMOS QUE LUTAR POR UM SALÁRIO DECENTE E DIGNO PARA TODOS, RESPEITANDO A HIERARQUIA DOS POSTOS E GRADUAÇÕES EM NOSSA CASERNA.

Alguns esclarecimentos devem ser feitos:

1º) Em nenhum momento se questiona a importância do GSE. Muito pelo contrário! O Grupamento de Socorro de Emergência, criado em 1986, pioneiro no Brasil e referência mundial em APH em vias públicas, ajudou, e muito, a elevar o nome do CBMERJ no Brasil, América Latina e por todo o mundo. Têm uma rotina extremamente estressante e intensa em seus serviços.

2º) Não sou contra que sejam diferenciados dos demais militares do GBM, mas creio que regalias como ingressar como Cabos, Terceiro-Sargento, Segundo-Tenente ou Primeiro-Tenente, em vez de ingressar como Soldado ou Aspirante-a-Oficial já são uma grande e, por vezes merecida regalia. Se os salários fossem no mínimo decentes, essa diferenciação seria ainda mais exaltada, mas...

3º) Militares do GSE, Praças e Oficiais, não assumem funções administrativas e não participam da maioria das atividades cotidianas do GBM, tais como serviços de Oficial-de-dia, de guarda, sentinelas, rondantes, comunicantes, adjuntos, comandantes da guarda, funções estas fundamentais para a "engrenagem" de toda OBM. Com isso, privilegiamos e reconhecemos a importância e a imensa carga de trabalho dos militares do GSE.

4º) Militares da área da saúde têm o "bico" regulamentado e os demais têm que se dedicar exclusivamente ao serviço de Bombeiro-Militar, sujeito à pena de perda da função e resposta a processos disciplinares e/ou criminais. Fato este que também os diferencia da demais QBMP ou Quadros de Oficiais.

O relato de um militar, com 20 anos de serviço, corrobora o sentimento dos "PRIMOS POBRES" do CBMERJ:

-"Todo Bombeiro sabe da importância do GSE, grandes profissionais, companheiros e amigos. A questão não recai sobre os profissionais e nem sobre algum integrante em particular, mas sim na questão administrativa. Os médicos, enfermeiros,tec., aux. e TEM, merecem uma gratificação digna por que fazem por onde ter, até ai tudo bem, mas nós também merecemos! Dizer que vendem sua folga não é argumento para tal gratificação. Quantas folgas o CBMERJ já me lesou em 20 anos? Vamos a um calculo rápido: Rock' in Rio II, Hollywood Rock, Madonna, corridas de F 1, Indy, Stock, Moto GP, Papa, Reveillon, Provas Prof., aniversáriante do mês no antigo CBAM, Rock' in Rio III, Páscoa dos militares, Funerais diversos, passagens de comando, rescaldos, Poço das Antas, abertura do ano letivo, Carnaval, entrega de vtr, Pan do Rio, Jogos diversos em estadios de futebol, barracão de escola de samba...vou parar! E então, onde requisito o bônus?Como o Ten. mencionou, o pessoal da área da saúde já entra com tratamento diferenciado, por tanto, no mais tem que ter tratamento igual.

Soldado ganhando igual à soldado, cabo... e assim por diante.Nós não podemos ficar calados temos que gritar!"

TEMOS QUE VALORIZAR O BOMBEIRO-MILITAR ATRAVÉS DE SALÁRIOS DECENTES E DIGNOS, RESPEITANDO A HIERARQUIA REMUNERATÓRIA EM NOSSOS POSTOS E GRADUAÇÕES, INDEPENDENTE DE QBMP OU QUADRO DE OFICIAIS!

JUNTOS SOMOS FORTES

LAURO César Botto Maia

1º TEN BM QOC