segunda-feira, 12 de abril de 2010

TRAGÉDIA NO RIO PROVOCADA PELA NATUREZA OU INCOMPETÊNCIA?

Transcrito do site do Cel BM Libanio: http://www.adilsonlibanio.com.br/

"Não possuo o hábito de escrever sobre temas abertos, mas não posso deixar de me manifestar em relação às enchentes ocorridas ontem (05 de abril) em grande parte do Estado do Rio de Janeiro, e em especial na capital.
Eu estava na rua e pude presenciar “in loco” a ausência de participação do Poder Público, que somente se manifestou após a reticente cobrança por parte da mídia.
Vários representantes de diversos órgãos estaduais e municipais se manifestaram em relação aos eventos, exceto àquele que de forma mais direta deveria estar envolvido na situação, qual seja, o Corpo de Bombeiros.
Não me lembro de imediato, ter visto qualquer representante da Corporação manifestar-se sobre as ações de Defesa Civil em relação ao ocorrido, e, no entanto, entre as atividades desenvolvidas pela Defesa Civil estariam a resposta aos desastres e de reconstrução que deveria se dar de forma multissetorial e nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal. É como se Defesa Civil sequer existisse em nosso estado.
Fica óbvio que o atual Governo não tem preocupação com a Defesa Civil em nosso estado, e em conseqüência, com a própria população, fato este constatado quando o atual (des) Governo uniu a Defesa Civil a Secretaria de Saúde, relegando a plano secundário a gestão de desastres. Basta ver que a atual autoridade no assunto em nosso estado é um médico, tornando evidente a falta de seriedade e transparência, do governante no sentido que se tenha um serviço de Defesa Civil capaz de envolver todos os setores da sociedade fluminense e efetivamente defender a população civil.
Se falta seriedade nas ações de Defesa Civil em nosso estado, sobra demagogia ao se ouvir do Governo Estadual, durante a tragédia que R$ 100 milhões foram investidos em equipamentos para o Corpo de Bombeiros, como se isso, fosse suficiente para minimizar os estragos causados pelos desastres, que vão continuar ocorrendo frente as constantes mudanças climáticas. Pode-se observar claramente a falta de investimento nas ações de prevenção, de preparação para emergências e desastres, de resposta aos desastres e de reconstrução.
Como dito pelo Governador, investiu-se em equipamentos, mas não houve qualquer investimento no pessoal, na capacitação de pessoal, que em qualquer organização séria é o grande diferencial para melhor ou para pior. Os bombeiros militares para o tal Governador não são dignos de sequer serem mencionados.
Na época em que fui chamado a elaborar o projeto de Lei para o aumento do efetivo, procurei demonstrar ao Dr Sérgio Cortes, Secretário de Saúde, que a Corporação tinha carência na área de bombeiros combatentes e não na área de saúde, já que são atividades distintas das definidas por Lei para a Corporação. Fui ignorado e agora vejo pela televisão as pessoas reclamando que não estão sendo devidamente atendidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo que o atual (des) Governador acabou por reconhecer este déficit, solicitando ao Governo Federal auxilio de bombeiros que compõe a Guarda Nacional.
Até quando nós: bombeiros ou não, vamos continuar achando que estes problemas não são problemas nossos. Quanto tempo será necessário par que compreendamos que o nosso egoísmo e vaidades pessoais, não nos possibilitam resolvermos problemas que são comuns, que só serão resolvidos quando pudermos agir de maneira mais solidária.
Eu sempre procurei defender os interesses dos bombeiros, naquilo em que me foi possível, por entender que os direitos “deles” são também os meus direitos e se estes direitos são violados isto também me atinge, talvez não de imediato, mas possivelmente em futuro próximo.
Por estas razões e várias outras é que eu no consigo mais ficar inerte vendo como determinados políticos mostram-se importar mais com sua imagem do que com a desgraça do povo, como ficou demonstrado ao ver o Governador Sérgio Cabral dando entrevista ao RJTV fazendo propaganda política eleitoral, elogiando as obras do PAC e a união entre Prefeitura, Estado e Governo Federal, assim como insiste em proclamar que o estado está preparado para a Copa de 2014 e para as olimpíadas mais adiante.
É difícil ler notícias como essa e não ir, aos poucos, perdendo as esperanças. É difícil não enxergar o túnel com ou sem luz em seu fim; mas através da determinação, coragem e autoconfiança e principalmente solidariedade, podemos reverter, senão todas, parte considerável dessas dificuldades, curando o passado, vivendo o presente, para podermos continuar sonhando com um futuro melhor.
Acredito que existam, não apenas no Corpo de Bombeiros, mas em todo o Estado do Rio de Janeiro, pessoas de valor que lutam contra os obstáculos em busca de felicidade e não apenas de alegrias momentâneas.
E o momento eleitoral que se aproxima é uma das ferramentas que precisamos para tentar mudar o atual quadro. Acredito, no entanto, que são necessárias algumas reflexões antes das ações, e nesse momento falo como eleitor que anseia por mudanças.
Hoje, nós bombeiros militares, criticamos com veemência que no cargo de Secretário de Estado da Saúde e da Defesa Civil esteja um médico, por entender que o mesmo não se preparou adequadamente para o desempenho de tão importante missão.
Cabe a nós eleitores, e mais uma vez falo com eleitor, avaliar se os nossos candidatos a cargos políticos estão preparados para o desempenho da função legislativa, ou seja, para exercer de imediato as funções do cargo e nos propiciar, pelo menos a esperança de mudanças. Particularmente não aceito a idéia de que a pessoa possa aprender durante o mandato, a situação requer respostas rápidas e o aprendizado além de caro pode ser demorado e quem sabe, ultrapassar os 14 anos de mandato.Em termos caseiros são muitos os que pretendem defender a Corporação e a sociedade, mas saberiam eles de que maneira isto poderia ser feito?
Colocando-me como bombeiro militar é fato que a Instituição vive um de seus momentos mais delicados e críticos, necessitando de adoção de medidas urgentes e que por serem de urgência devem ser tomadas por pessoas que tenham consciência, não apenas dos problemas, mas das possíveis soluções.
Defendo a pluralidade de candidatos sem que se façam discriminações, mas não há como esperar muito de eventuais ocupantes de cargos políticos que não possuam habilitações mínimas. E neste ponto a qualidade dos políticos equivale ao esclarecimento da população. Os eleitores mais conscientes sabem que eleger pessoas mal preparadas reverterá contra os seus próprios interesses.
A história política brasileira nos mostra, no entanto, que o brasileiro muitas vezes faz suas escolhas com base em interesses pessoais, gerando o clientelismo, onde o político, à margem da lei, dá algo em troca do voto. Essa atitude é extremamente nociva à democracia, pois o político passa a ser visto e muitas vezes a atuar, como assistente social e não como um gestor da coisa pública.
Muitos tentam a carreira política como uma fonte de enriquecimento e de privilégios ou mesmo por simples vaidade pessoal, cabendo ao eleitor distinguir àqueles que colocam os interesses pessoais a frente dos interesses coletivos.
Hoje, neste exato momento, milhões de pessoas não saberiam dizer o nome do deputado estadual ou o número do deputado federal em que votaram nas últimas eleições. E, caso dissessem o nome ou o número, dificilmente poderiam explicitar de forma clara a plataforma do candidato.
Não podemos continuar a manter esta falta de comprometimento com o nosso próprio gesto, um gesto ao mesmo tempo individual e coletivo, fundamental para que sejam, pelo menos, iniciadas mudanças, não apenas em nível de Corporação, mas de sociedade como um todo.
Neste momento encerro fazendo um apelo a aqueles que por ventura venham a ler este singelo artigo, que aproveitem a oportunidade que nos esta sendo dada pra tentar reverter o atual quadro com mudanças significativas, a começar pela mudança de Governo, que visivelmente não atendeu as nossas expectativas, quer como bombeiros, quer como cidadão fluminense. Temos que ter ideologia, lutar por aquilo que acreditamos e para isto temos que criar algo para acreditar, como por exemplo, um novo Governo e novos representantes.
Hoje o problema não é falta de politização, e como dito, talvez seja a falta de ideologia, que permeia a Corporação, seus integrantes e as pessoas em geral. Ninguém mais tem ideologia nenhuma. Se existe hoje uma ideologia na Corporação é o individualismo. Cada um por si (e sem Deus para todos, porque cada um tem o seu...).
Como bombeiro e como cidadão, faço um apelo. Vamos ser mais solidários e juntos ajudar-nos a mudar a história, participando ativamente desta mudança, lembrando que conforme o adágio popular “Uma andorinha só não faz verão”, mas pode perfeitamente anunciar a mudança de uma estação.

Atenciosamente,
Adilson Libanio da Cruz/ Cel BM QOC/82"

O único alento que tenho ao ler esse artigo é saber que AINDA HÁ CORONÉIS DE VERDADE NO CORPO DE BOMBEIROS!

Assino abaixo de vossas palavras, Cel Libanio!

JUNTOS SOMOS FORTES,
LAURO BOTTO ۞۞

2 comentários:

  1. Sou da opinião que os BM devem dar seus votos para Bombeiros, mas aqueles que tenham um efetivo trabalho e serviço prestados ao CBMERJ e as seus integrantes e familiares, e os mantenha como prioridade. Essa representação é dever e interesse
    de todos existe vários projetos prontos mas nas gavetas das autoridades, na verdade não tem força política, e boa vontade para ir a frente.
    Essa democracia e fajuta, falácias e nada mas, deixa o povo (BM) falar um dia eles canção mas agora a coisa vai mudar. JSF

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  2. Existe vários Cel's de moral comprometido com os BM's não é somente o Libanio, só que ele sempre focou a coletividade e usa seus conhecimento para para todos, não só para bem comandar, como é o usual, tem uma predisposição para o coletivo isso é de sua formação familiar, não é bitolado é aberto aos diálogos e isso faz a diferença não só atende os interesse do CBMERJ nas sua funções.

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